sábado, 31 de maio de 2008

Professor apaixonado

Há algumas semanas, preparando aulas, eu estudava a Ética a Nicômaco de Aristóteles. No livro, dentre tantas (tantas mesmo) outras coisas, o autor tenta apontar o que faz que um ser humano seja um humano melhor. Sua reflexão é mais ou menos assim: considere que todas as pessoas que tiverem em mãos um instrumento musical poderão "tocá-lo", quer dizer, tirar dele algum tipo de som. Neste sentido, todos somos "músicos". Mas o que difere um músico de um bom músico? - ele pergunta. E responde: a habilidade com que toca músicas. Então, o autor aplica o mesmo raciocínio lógico ao ser humano: o que difere um ser humano de um bom ser humano? E, para responder, ele tem que estabelecer qual a característica essencial, fundamental do ser humano. Para ele, esta característica é a razão. Por conseqüência, o que difere um ser humano de um bom ser humano é a habilidade com que ele lida com sua razão. Quanto mais desenvolvido o intelecto, a razão, melhor será o humano. (Humilde, Aristóteles não diz nessa parte do texto que o filósofo é aquele que melhor lida com a razão, sendo, portanto, o melhor dos humanos).
Desde que li essa passagem pela última vez, venho brincando com o procedimento metodológico do Ari(stóteles). É uma pergunta divertida: "O que faz com que "x" seja um bom "x"?, podendo ser "x" o que você quiser.
A brincadeira se tornou especialmente interessante para mim quando perguntei: o que faz de um professor um bom professor? Joguei com a pergunta por algumas semanas, conversando com amigos professores, com alunos - não fazendo a pergunta para eles, claro, mas tentando nos papos diversos "pescar" elementos para essa resposta. E tenho clara impressão que a resposta é "o fato de ser ele um professor apaixonado".
Aristotelicamente falando, todos temos em potencial um bom intelecto. Todos podemos exercitar a razão, fazendo-a mais densa, mais presente, mais sólida. Assim como todos podemos exercitar o físico, ou nossa habilidade vocal, ou tantas outras coisas. Mas só o fazemos quando estamos apaixonados por isso, quando alguma paixão nos tira da inércia e nos põe em movimento. Só o professor apaixonado coloca sua razão e suas demais habilidades a serviço do aprender e do ensinar.
O brilho nos olhos de quem defende uma idéia com paixão, a tristeza de quem se vê obrigado a abandonar um projeto pelo qual é apaixonado, isso faz a diferença e possibilita o resto - tal como a paixão é o que coloca em movimento dois amantes, que deixam de lado o amor platônico em busca do exercício de amar, é ela, a paixão, que impede a acomodação dos bons professores, aqueles que sofrem por não poderem realizar mais, se preparar melhor, ensinar de forma mais completa.
As discussões acaloradas, as idéias apaixonadamente defendidas, o coração e o fígado empenhados num debate ou na defesa de uma tese. Aí está presente à paixão. Por isso tudo acredito que o primeiro passo que faz de um professor um bom professor é o fato de ser um professor apaixonado.
Um brinde à paixão!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Contra o dualismo

A segunda grande contribuição do pensamento de Michel Onfray, expresso em sua Contra-história da filosofia, que fiquei de trazer ao Blog, vai no sentido de buscar a ruptura com o pensamento dualista, notadamente consolidado por Platão. Leio na filosofia de Onfray basicamente uma crítica à noção platônica da divisão do mundo num mundo das idéias e noutro mundo das coisas (que coloca a verdade num local supra-sensível). Desnecessário explanar sobre a ampla propagação desse aspecto do platonismo pela religião cristã, ao afirmar que o objetivo último do ser humano está no outro mundo, e não nesse em que vivemos.
Onfray propõe uma ética que, tal qual a de Aristóteles, busca a felicidade (tradicionalmente vinculada à metafísica), mas sugere que esta felicidade caminha junto ao prazer (tradicionalmente vinculado ao físico). Em vez de separar felicidade e prazer (idéia e coisa, pensamento e sensação), o autor as sugere como complementares, ou como o que poderíamos chamar de dois lados da mesma moeda. Observe-se que não se trata de renegar a felicidade em nome do prazer. Apenas aponta a necessidade não renegar o prazer. Para quem tiver paciência, transcrevo abaixo um breve trecho em que o autor aborda a questão. Vale a pena:

Precaução de emprego: o hedonismo faz do prazer o soberano bem, aquilo a que se deve tender, o propósito capaz de federar a reflexão e a ação; o eudemonismo, por sua vez, afirma a necessidade de visar o bem-estar, a serenidade, a felicidade. Os dois termos existem e significam duas coisas distintas, sendo que o prazer e a felicidade não sobrepõem exatamente as mesmas situações, as mesmas emoções, o mesmo estado físico e psíquico. Quanto a mim, vejo menos dois mundos separados do que duas maneiras de significar uma realidade idêntica. O prazer pode proporcionar felicidade; a felicidade não exclui o prazer.
Os dois estados diferem menos quanto à natureza do que quanto à intensidade, até mesmo quanto ao momento da experiência. O indivíduo em questão evolui em um mesmo mundo que supõe a capacidade de manter uma relação inteligente consigo mesmo, colocada sob o signo da pulsão de vida e radicalmente hostil a toda pulsão de morte. O prazer proporciona uma sensação bastante violenta para que provoque um curto-circuito da consciência: no momento do gozo, há apenas ele e não há lugar para a razão, a inteligência ou o trabalho intelectual útil para saber que se vive nesse momento emocional específico. Seu ser aniquila a capacidade de uma consciência de si como sujeito emocionado.
Em contrapartida, a felicidade situa-se a montante ou a jusante: antes do prazer esperado ou depois daquele que se teve, em todos os exemplos ela se manifesta com a consciência, graças a ela e à sua interferência. O estado de felicidade, menos violento que o de prazer, invoca a doçura, a paz, a serenidade, a calma aferente às certezas de que um acontecimento alegre ocorrerá ou acaba de ocorrer. Com a felicidade, o corpo conhece arroubos mais voluptuosos do que com o prazer, gerador de forças mais terríveis, de energias aumentadas e consideráveis.
Mas imaginar o hedonismo e o eudemonismo como dois mundos separados implica um erro. Nenhum instrumento de medida física ou metafísica permite qualificar nem quantificar as intensidades úteis para decidir qual deles, a felicidade ou o prazer, tem o papel principal. Assim impõe-se uma definição do prazer, pois dois milênios de cristianismo contribuem singularmente para diabolizar esse termo e torná-lo inaudível, carregado de miasmas e odorizado pelos gases pútridos do inferno católico. Pois só para seus detratores ele significa o abandono puro e simples aos instintos: nenhum hedonista jamais propôs como ideal os plenos poderes dos instintos, das pulsões, das forças noturnas que assemelham o homem ao mais selvagem, ao mais brutal animal.
A ética grega é eudemonista. Sejam quais forem as escolas, elas convidam o homem que pratica a filosofia a se desvencilhar do que impede sua felicidade, a trabalhar seus desejos para rarefazê-los e torná-los inofensivos, a se desfazer de todas as amarras que dificultam e até impossibilitam um trabalho de purificação de si mesmo. O propósito é a autonomia, a independência, a ausência de sofrimento, de problemas, a existência feliz e a vida filosófica que a permita. Os exercícios espirituais, as reflexões, os diálogos, as meditações, as relações de mestre com discípulo, tudo isso visa a construção de uma subjetividade radiosa, solar, independente e livre. E da fabricação dessa individualidade nasce um prazer, o prazer obtido consigo mesmo. O eudemonismo, então, possibilita o hedonismo – definido pela capacidade de desfrutar de si como um ser em paz consigo mesmo, com o mundo e com os outros.

Michel ONFRAY. Contra-história da filosofia: as sabedorias antigas. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Contra-história

O assunto da contramão (na minha postagem anterior) me estimulou a trazer aqui para o Blog algumas idéias sobre a Contra-história da filosofia, do filósofo francês contemporâneo Michel Onfray. Apenas recentemente tive oportunidade de conhecer melhor o autor e ler alguns dos seus livros: ele é do tipo midiático, que faz da polêmica uma forma de manter-se na crista da onda (e o faz bem!). Entendam que essa minha observação sobre seu caráter midiático não é uma crítica: como já nos mostraram Nietzsche, Foucault e tantos outros, na modernidade nos vendemos para instituições, que de um modo ou de outro cerceiam nosso livre-filosofar. No geral, os filósofos vendem-se para as academias como forma de ganhar a vida. Onfray vende-se para a mídia - apenas muda a instituição.
Entendo que o caráter polêmico, muitas vezes agressor (próximo de alguns dos sangrentos noticiários brasileiros) de sua obra, bem como a forma leviana e não raramente distorcida com que lida com filosofias e histórias não diminuem a riqueza dos textos. São "imperfeitos", por serem parciais e por atenderem aos interesses da máquina midiática e mercado editorial. Os textos filosóficos contemporâneos "tradicionais" são igualmente "imperfeitos", por atender aos interesses acadêmicos. Muda a imperfeição.
Mas porque conhecer uma imperfeição a mais? Já não basta uma?
Para responder, utilizo a primeira (de duas) idéia de Onfray que quero trazer ao Blog: A história da filosofia tem se resumido à "Escrita dos Vencedores", quer dizer, à ampla publicidade dada às idéias dos autores que escolheu-se como representativos de cada época. Existe, todavia, para ser estudada toda uma "história dos perdedores", quer dizer, história das idéias dos autores que não foram consagrados pela tradição. E trata-se de uma rica história.
Imagino quem seriam os consagrados como "vencedores" do nosso tempo histórico: os publicitários? os políticos neo-liberais? os empresários das religiões chamadas "carismáticas"? Vejo aqui a importância de alguém contar a história dos "perdedores", o que faz Onfray em sua Contra-história.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Quem está na contramão?

Ontem mais uma motorista se tornou ilustre, por trafegar na contramão em uma das vias de tráfego rápido dos nossos centros urbanos.
Há alguns meses foi um bancário a matar-se depois de seguir alguns quilômetros na contramão da rodovia Castelo Branco. Na semana passada, uma professora que resolveu pegar a rodovia dos Imigrantes na contramão porque lhe faltavam os quinze-e-poucos reais do pedágio. Ontem, outra bancária mostrou-se adepta da "mão-inglesa" no corredor norte-sul de São Paulo.
A Folha de São Paulo de hoje noticiou que este foi o oitavo caso semelhante neste ano (veja a matéria completa aqui). Não acho que é mera coincidência.
Exercitando o papel de filósofo, penso aonde chegaremos se nos espantarmos com esses casos. Se perguntarmos: "quem está na contramão? Essas pessoas, profissionais que passaram a vida "seguindo a cartilha" - estudaram, tiveram bons empregos, "trabalhadores honestos", como se diz... estariam eles na contramão? Ou é o mundo que vai pro lado errado?
Chama a atenção o fato de não serem fanáticos religiosos ou revolucionários suicidas. São pessoas que, parece, fizeram ao longo de suas vidas aquilo que se espera de um bom moço ou uma boa moça. Esta última bancária, nem aparentava estar alcoolizada ou sob efeito de outros tipos de drogas. Não, simplesmente piraram.
Minha hipótese: o mundo (não o físico, é claro) está indo na contramão da humanidade das pessoas. Ele, o mundo, está exigindo que sejamos desumanos. E quando estouramos, simplesmente seguimos a mão correta - que no mundo invertido, chama-se contramão

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O preconceito racial na escola

O texto abaixo de Rosely Sayão traz as questões no ambito da educação básica. Mas não será nela que nossos governantes deveriam se focar para que a política de cota fosse realmente uma necessidade com dia e hora para acabar?...

O preconceito racial na escola
Uma amiga, que trabalha em escola particular, contou-me um fato que considerei importante. O filho, de seis anos e que cursa o primeiro ano do ensino fundamental, disse a ela que não queria mais ser negro. Quando a mãe perguntou o motivo, ele imediatamente respondeu que, sendo o único aluno negro na escola, era diferente de todos os outros e isso o incomodava.
Basta um olhar para constatar que as escolas particulares recebem poucos alunos negros. Mas, a questão vai além: parece-me que poucas tratam com cuidado as questões do preconceito racial, ainda presente em pleno século XXI. Algumas escolas particulares não têm um único aluno negro, mas isso não é motivo para não tratar da questão, não é verdade? Afinal, esse é um tema de nossa sociedade e não é compreensível que a educação para a cidadania não contemple esse item nos trabalhos escolares.
Sugeri a essa amiga a leitura, para o filho, de um conto de Mario de Andrade chamado “Será o Benedito”, lançado recentemente pela editora Cosac Naif. Os livros dessa editora são muito bem cuidados e esse, em especial, apresenta ilustrações muito interessantes. De forma bem resumida, o conto apresenta a relação de estreita camaradagem entre duas pessoas muito diferentes: um homem branco da cidade e um garoto negro do campo.
Ela leu para o filho e as conversas que a história rendeu entre ambos foram muito boas. Ela teve a idéia, então, de sugerir a leitura para alguns professores da escola. Assim, sem grandes pretensões, pelo menos alguns deles irão criar para seus alunos a oportunidade de trabalhar, por meio do conhecimento, o preconceito racial.
Crianças usam com freqüência características da aparência dos colegas para humilhar e ofender. Desse modo, palavras como “baleia”, “cabeça de fogo”, “zarolho”, entre outras, são usadas como xingamento. A criança ainda não tem consciência das conseqüências que essa atitude pode provocar.
Isso exige da parte dos professores um trabalho cuidadoso de formação dos alunos, inclusive moral. A escola que seu filho freqüenta trabalha o tema do preconceito racial? De que maneiras? Quais as estratégias utilizadas? O tema é abordado transversalmente? O conhecimento de que dispomos a respeito é valorizado e trabalhado com os alunos?Essas são perguntas bem pertinentes que os pais podem fazer às escolas. Afinal, se queremos um mundo menos violento e intolerante, precisamos ensinar aos mais novos o respeito às diferenças e a defesa intransigente da justiça.
Semana passada, os jornais trouxeram muitas notícias a respeito da situação dos negros do Brasil na atualidade por conta da data comemorativa de 13 de maio. Será que as escolas fizeram o mesmo? Pergunte ao seu filho se alguma atividade importante relacionada ao fato foi proposta e estabeleça com ele um diálogo a respeito; fatos do cotidiano sempre permitem isso.
O filho dessa amiga, por exemplo, observou que a maioria dos adultos e crianças que ficam nas esquinas pedindo esmola é negra e pediu explicações sobre sua observação. Se ouvirmos bem o que as crianças dizem, percebemos que elas pedem recursos para ler e interpretar melhor o mundo. Será que atendemos a esse pedido?

Escrito por Rosely Sayão Linque: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/

terça-feira, 6 de maio de 2008

Machismo legalizado

Reproduzo abaixo matéria publicada hoje no caderno Mundo do jornal Folha de São Paulo. Retrata a forma arcaica como os homens em geral (incluídas aí as não poucas mulheres machistas) vêem a questão sexual.
O argumento dos políticos conservadores equatorianos, que ironizam a proposta da deputada dizendo que se pretende "decretar orgasmos por lei" é uma forma de fugir ao diálogo principal: o do direito ao gozo.
Quem se interessar pelo assunto pode gostar do livro "A arte de ter prazer" (ou no original francês: L'art de jouir [A arte de gozar]), do filósofo contemporâneo Michel Onfray.
Segue a matéria.

Equador debate "direito ao prazer"

Proposta de governista de incluir trecho na Constituição, para combater machismo, provoca controvérsia

Oposição diz que artigo quer "decretar orgasmos por lei"; projeto é derrotado, mas parlamentar diz que idéia abriu "reflexão" no país

FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO

A parlamentar equatoriana Soledad Vela, da base governista, desatou uma polêmica na Assembléia que redige a nova Constituição do país ao propor um artigo para garantir às mulheres o direito ao prazer na vida sexual, o que rapidamente virou "lei do orgasmo" nas vozes oposicionistas.
Vela, 45, defendeu a idéia há duas semanas e desde então não parou de se explicar sobre o texto, que estabelece o "direito a tomar decisões livres, informadas e responsáveis, sem coerção e discriminação de nenhum tipo, sobre sua vida sexual, incluídos o prazer e a opção sexual".
Na argumentação, ela dizia que o machismo e o conservadorismo do país relegam a mulher ao papel de objeto sexual ou reprodutivo, uma situação de "mutilação psicológica permanente". Era preciso, portanto, com a "ferramenta da palavra", explicitar o direito a desfrutar do sexo.

Prisão perpétua
A notícia correu o mundo, com enunciados como "Satisfação sexual pode ser obrigatória no Equador". Ontem, Vela concedeu mais uma entrevista na rede de TV Teleamazonas, uma das maiores do país, para desmentir que sua proposta abriria, como disseram oposicionistas e jornais e TVs, não sem tom jocoso ou temeroso, a possibilidade de que mulheres abrissem processos contra seus parceiros caso não satisfeitas.
O porta-voz da oposição, Leonardo Viteri, do PSC (Partido Social Cristão), a acusou de querer "decretar orgasmos por lei" e tomar tempo importante da Assembléia com "novelices". Seu colega, Francisco Cisneros, emendou: "Um amigo me disse muito preocupado: "Me espera prisão perpétua'".
Irritada com as repercussões, Vela afirmou ontem à Folha que elas são mais um sintoma da situação que quis denunciar. "Nunca falei de modelo coercitivo... Não se pode obrigar por lei o prazer. Queria criar consciência num país em que há muita violência velada contra a mulher, abrir espaço para uma educação sexual aberta. Mas a simples menção causa temor porque toca em um tema de poder para os homens".
"Há duas semanas que a imprensa marrom só fala disso. Sexo vende...", contou ela, que largou a carreira de jornalista em 2007 para tornar-se política pelo Acordo País, movimento liderado pelo católico presidente Rafael Correa.
E como sua família reagiu? "Não teve reação. Para meu marido, esse é um tema natural. Ele me apóia", disse ela, que tem dois filhos.
A proposta de Vela não passou na comissão que discute os direitos fundamentais na próxima Constituição, cujo texto deve ficar pronto em junho. "Apesar de toda tergiversação, abriu-se um espaço da reflexão, isso foi positivo."
Essa não foi a única batalha perdida pela bancada feminina. No mês passado, a Assembléia equatoriana, de maioria governista, retirou o aborto como tema de discussão. Para Vela, o país ainda não estava preparado para o debate. "Seis meses é pouco para discutir isso, mas vamos avançando."