segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Razões Oprimidas

Um dos diversos temas filosóficos que me inquietam há algum tempo é a questão da racionalidade. Por um lado, instiga-me pensar que não somos exatamente animais racionais - bem , é verdade que entendo com facilidade a concepção de que o ser humano não é um animal racional, mas um animal que tem a racionalidade ao lado de outras faculdades; por outro, instiga-me pensar que, se nos entendermos como animais racionais, estaremos necessariamente presos ao projeto da modernidade, que já tem no modelo antropológico eurocêntrico, quiçá iluminista, seu ideal.
Para nenhuma dessas duas reflexões, acima, tenho respostas. Se por um lado concebo o ser humano como muito-mais-que-racionalidade, por outro entendo-o (entendo-me, portanto) como racional-e-algo-mais... Se, por outro, concebo a racionalidade como parte do projeto da modernidade (para saber mais sobre isso, veja a introdução de Enrique Dussel ao livro Ética da Libertação, ao não ver-me como a-racional não vejo-me como a-moderno e, portanto, não vejo-me como a-europeu. Contrariado, talvez, sou obrigado a concordar com meu amigo prof. Marcos Sidnei ao afirmar que o projeto da modernidade nunca falhou...
Angustiado, pensando nestas questões, percebo nos estudos recentes do prof. José Eustáquio Romão, uma alternativa. Romão tem defendido que o problema não é o fato da filosofia, eurocêntrica, ser racional; mas sim o fato da racionalidade aceita pela filosofia como base e instrumento filosófico estar no singular. Segundo ele não há uma racionalidade, mas racionalidades. E, ainda segundo ele, o mundo globalizado abre espaço e exige que se manifeste uma racionalidade oprimida, não-eurocêntrica.
O prof. Romão falará sobre essa questão no próximo dia 30/10, na FEUSP, em evento aberto ao público, como segue:

A ÁREA TEMÁTICA de FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E

O NUCLEO de ESTUDO e PESQUISA EM FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

NEPEFE

convidam para a sessão dos

SEMINÁRIOS ABERTOS
DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Dia: 30 de outubro de 2008
14:00-17:00 h. Faculdade de Educação / USP

Av. da Universidade, 308 - Cidade Universitária
Sala 103, Bloco B



Tema:

As razões oprimidas no mundo em globalização.

Expositor:



José Eustáquio Romão

Graduado em História, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1970) e Doutorado em Educação (1996), pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professor do curso de Mestrado em Educação, na Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo (Brasil), onde coordena o Grupo de Pesquisa Culturas e Educação. É professor visitante da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), de Lisboa (Portugal). Atuou como coordenador e professor dos programas de mestrado (Educação, Letras e Psicologia) do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CESJF). É um dos fundadores do Instituto Paulo Freire e coordenador da Cátedra do Oprimido, vinculada à Universitas Paulo Freire (Unifreire).

É autor de vários livros, dentre os quais se destacam: Poder local e educação (1992), Avaliação dialógica (1998); Dialética da diferença (2000); Pedagogia dialógica (2002), além de mais de três dezenas de artigos, publicados em periódicos científicos nacionais e estrangeiros.

Tem vasta experiência na área de administração escolar: foi Secretário da Educação de Juiz de Fora (1983-1988) e de Governo (1997-2000) desta mesma cidade. Foi Pró-Reitor de Ensino e Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora; Coordenador Local das Licenciaturas em Tefé, Amazonas. Desenvolve estudos sobre o pensamento de Paulo Freire, estendendo-o para uma Teoria da Civilização do Oprimido, isto é, demonstrando que os oprimidos e as oprimidas é que fazem o avanço das ciências, das tecnologias e das artes.

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