Esses dias uma amiga que tem um filho de 6 meses estava comentando que não queria que seu filho ficasse "viciado" em televisão, que gostaria que ele se interessasse mais por livros. Ela me perguntou como deveria fazer para que isso ocorresse. Respondi que ela deveria fazer o livro ser mais interessante que a televisão, ou seja, todas as vezes que ela fosse colocar seu filho na frente da televisão que ela lesse um livrinho para ele, habituando-o, assim, aos livros. Quem passa um tempo com as crianças pequenas como esse bebê sabe o quão difícil isso é. A televisão é realmente tentadora (até para nós). Ela nos dá o máximo de entretenimento pelo mínimo de esforço, o que na nossa sociedade pode ser até entendido como um "lucro". O que seria perfeito, então, seria que a programação da televisão , principalmente da televisão aberta, fosse muito bem pensada de forma a educar seus telespectadores . Mas é claro que isso, por muitos motivos, não acontece. Então mães como minha amiga têm uma tarefa difícil: vencer o óbvio e fácil em prol da educação de seus filhos. Levando em conta que são poucas as mães que podem ficar com seus filhos o tempo todo e que a demanda de crianças de 0 a 3 anos na escola cresce a cada ano, essa responsabilidade passa também a ser da escola. E aí temos um problema maior. Apesar de ter sua função mais que essencial na educação de seus filhos, as mães não são profissionais da educação. Quando a criança chega na escola é esperado que sejam bem educadas e formadas. E como fazer isso? Disse a minha amiga que se ela não se interessasse por livros não conseguiria fazer seu filho se interessar, visto que o meio que a criança vive é importante para sua formação. Agora me pergunto: os professores gostam de ler? Ou são como a maioria que chega em casa e liga a televisão? Se assim o é, como fazer com que nossas crianças se interessem por livros se nós mesmos educadores não lemos? Para colaborar com esse problema as escolas estão preocupadas apenas com a alfabetização e não com a qualidade do que seus alunos irão ler. E pior, ensinam apenas as letras, e não a leitura, seja dos códigos escritos ou das ideologias presentes nas novelas. Isso já foi dito muitas vezes, mas será que entendemos o que é ler o mundo? E nesse ponto, a filosofia tem a acrescentar quando, diante de uma leitura desse mundo que apresentamos às crianças, elas, com toda ingenuidade e admiração, que perdemos com o tempo (e também com a televisão), nos perguntam: por quê?
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