sábado, 22 de setembro de 2007
Entre o Senso Comum e a Ciência
Nesta sexta feira, participando de uma aula de metodologia científica, me coloquei a pensar: por que será que é tão difícil as pessoas gostarem de filosofia?... Será por que ela é "mal ensinada" nas escolas? Será que é por que ela nos confronta com nossa natureza - ou talvez seja melhor, nossa condição - de incompletude, de pouco entendimento desse mundo que nos cerca? Durante a definição do professor de senso comum, conhecimento filosófico e científico, me passou pela cabeça um problema que a filosofia enfrenta corajosamente na figura dos que se propõe a entendê-la: o conhecimento científico é aquele comprovado, experimentado, reproduzível; já o senso comum é aquele conhecimento do dia-a-dia, sem muita reflexão, que direciona nossas ações comuns sem nenhuma preocupação com o rigor de conteúdo, ou mesmo com veracidade. E o conhecimento filosófico? É fato que não é nem senso comum, nem conhecimento científico. O problema da filosofia é estar no incômodo lugar entre um e outro: ela não é o senso comum, não é um "viajar na maionese", mas também não é o conhecimento científico, que busca resposta concretas e provas. No momento em que o professor disse que "a filosofia é a mãe da ciência" isto ficou ainda mais claro. É a filosofia que nos transforma em pessoas que não servem ao senso comum, à vida sem reflexão. Ela nos obriga a encarar nossa humana condição de inacabamento e de dúvida, nos obrigando a decidir de que lado vamos continuar nossa vida. É claro que nem todas as pessoas que passam por essa experiência se tornam cientistas, mas é fato que depois de despertado por essa experiência de questionar o dia-a-dia, a ciência passa a ser uma aliada e a filosofia uma companheira, nem sempre agradável, nem sempre digesta, mas uma companheira que nos liberta das nossas próprias armadilhas humanas de tentar viver da forma mais cômoda. Talvez seja por isso, aliado também a uma forma distorcida de se ensinar Filosofia (se é que isso é possível) que faz com que as pessoas digam: isso é coisa de louco! Mas pensando bem, num mundo onde é normal tanta coisa absurda, onde as pessoas não param para refletir sobre suas vidas ou a relação entre elas, onde a vida, a ética e a dignidade perdem espaço para o consumo, talvez seja bom ser um pouco louco...
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