Entre os meses de maio e julho estudamos no NEFiC extratos do livro Entre o Passado e o Futuro, de Hannah Arendt. Estudamos com especial atenção seu primeiro capítulo, A tradição e a época moderna e o quinto capítulo, que trata sobre A crise na educação. Não vou contar aqui o que diz o texto da filósofa, que está publicado pela Ed. Perspectiva. Transcrevo abaixo alguns apontamentos que fiz, para meu próprio uso, como chaves interpretativas do texto.
1. A tradição política começa com Platão e não com Sócrates. Sócrates, um homem da prática, ocuparia o mesmo status dado pela autora a Marx, que inverte a relação teoria-prática, pondo fim à tradição.
2. Marx põe fim à tradição política não por “inverter Hegel”, mas por inverter o “status” teoria-prática, colocando a prática política como prioritária à reflexão política. “Inverter Hegel” seria permanecer no campo teórico, quando o que está em questão é extrapolá-lo.
3. Arendt, depois de Heidegger e antes de Fukuyama (dentre tantos outros) anuncia o fim de um tempo. A disputa entre modernos e pós-modernos, tradicionais e pós-tradicionais, metafísicos e pós-metafísicos não vem ao caso, bem como não parece ser o mais relevante definir se a autora está ou não certa ao afirmar que a tradição acabou. Mas o amplo conjunto de autores que aponta o fim de um tempo parece dar consistência à idéia de que “algo precisa mudar” ou, quem sabe, “algo mudou”. Está desperta a questão sobre como fazer filosofia hoje: não se constroem mais grandes sistemas filosóficos desde Kant e Hegel.
3.a. A filosofia concreta, como o existencialismo no contexto pós-guerra, também não encontra espaço no fluido cenário político do século XXI. Quem tenta fazê-la, como Chomsky, permanece como “franco atirador” (ver 3.c)
3.b. Quanto ao pensamento metafísico, parece acertada a constatação do seu fim, por Arendt – ainda que se possa discutir se são os autores apontados por ela os principais “coveiros” metafísicos. Na segunda metade do século XX, parece não haver produção metafísica consistente.
3.c. Nos demais campos, a filosofia se faz por franco-atiradores, não mais por sistemas. Seja a “segunda escola de Frankfurt” com seus dois únicos autores; sejam os lingüistas ou os pragmatistas que não se agrupam; sejam os críticos da tradição filosófica: faz-se filosofia a partir da individualidade.
4. A crise na educação é reflexo da crise da tradição. Não há como resolver problemas da educação antes de superar a crise do pensamento. E não há como superar essa prescindindo da educação. Assim, a educação não pode ocupar papel coadjuvante, mas co-autoral na superação da crise. E a crise a ser superada é a crise da tradição (entendida com as ressalvas da tese 2)
A primeira tese e seu desdobramento na segunda foram elaboradas em conseqüência de um diálogo com a Profa. Larissa Gandolfo. A terceira, de um diálogo com o Prof. Marcos Sidnei Euzebio.
2. Marx põe fim à tradição política não por “inverter Hegel”, mas por inverter o “status” teoria-prática, colocando a prática política como prioritária à reflexão política. “Inverter Hegel” seria permanecer no campo teórico, quando o que está em questão é extrapolá-lo.
3. Arendt, depois de Heidegger e antes de Fukuyama (dentre tantos outros) anuncia o fim de um tempo. A disputa entre modernos e pós-modernos, tradicionais e pós-tradicionais, metafísicos e pós-metafísicos não vem ao caso, bem como não parece ser o mais relevante definir se a autora está ou não certa ao afirmar que a tradição acabou. Mas o amplo conjunto de autores que aponta o fim de um tempo parece dar consistência à idéia de que “algo precisa mudar” ou, quem sabe, “algo mudou”. Está desperta a questão sobre como fazer filosofia hoje: não se constroem mais grandes sistemas filosóficos desde Kant e Hegel.
3.a. A filosofia concreta, como o existencialismo no contexto pós-guerra, também não encontra espaço no fluido cenário político do século XXI. Quem tenta fazê-la, como Chomsky, permanece como “franco atirador” (ver 3.c)
3.b. Quanto ao pensamento metafísico, parece acertada a constatação do seu fim, por Arendt – ainda que se possa discutir se são os autores apontados por ela os principais “coveiros” metafísicos. Na segunda metade do século XX, parece não haver produção metafísica consistente.
3.c. Nos demais campos, a filosofia se faz por franco-atiradores, não mais por sistemas. Seja a “segunda escola de Frankfurt” com seus dois únicos autores; sejam os lingüistas ou os pragmatistas que não se agrupam; sejam os críticos da tradição filosófica: faz-se filosofia a partir da individualidade.
4. A crise na educação é reflexo da crise da tradição. Não há como resolver problemas da educação antes de superar a crise do pensamento. E não há como superar essa prescindindo da educação. Assim, a educação não pode ocupar papel coadjuvante, mas co-autoral na superação da crise. E a crise a ser superada é a crise da tradição (entendida com as ressalvas da tese 2)
A primeira tese e seu desdobramento na segunda foram elaboradas em conseqüência de um diálogo com a Profa. Larissa Gandolfo. A terceira, de um diálogo com o Prof. Marcos Sidnei Euzebio.
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