quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Crítica e indigestão

É lugar comum ouvirmos de todos os lados as já indiferentes queixas sobre o estado atual da educação básica: a falta de respeito que os alunos demonstram, a indisciplina que tomou lugar na escola (tal qual no sistema carcerário !? !) etc., etc., etc., etc.

Em minha experiência pessoal, a maioria destas queixas apontam como grande mal do mundo educacional atual os dois mesmos pontos: na rede pública, o problema é a "aprovação automática" - versão distorcida e pessimamente aplicada de um dos projetos que Paulo Freire defendia, a "progressão continuada"; nas escolas particulares, o problema geral apontado é o protecionismo das escolas em relação aos alunos, que muitas vezes "desautoriza" o professor; nesta relação, o aluno é cliente, e "o cliente tem sempre a razão".

Não quero avaliar a justeza ou não das queixas feitas; nem avaliar se as causas são realmente estas. Mas frente à situação dada, o que fazer? Entrar num universo de reclamações que apenas joga mais penumbra na realidade escolar não prece ser uma boa alternativa...




Há pelos menos 2 milênios e meio a postura filosófica vem instigando as mais diversas mentes, orientando-as a uma inquietação produtiva, transformando indisciplina em genialidade. É verdade que no geral as "aulas de filosofia", no ensino médio por exemplo, muitas vezes não adotam essa "postura filosófica", a que me refiro (o que é uma pena).

Tenho comigo que a prática e a postura filosófica pode ser elemento de profunda criatividade na prática dos professores, tornando-se ferramente "instigadora" dos alunos. É claro que para para o professor ser capaz de instigar filosoficamente alguém, ele próprio não pode ver a filosofia ou o pensamento crítico em geral como algo indigesto. Na verdade, talvez possa até ser saboroso!

Então... vai encarar?


A tirinha acima foi publicada hoje, na Folha de S. Paulo

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